A Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia desenvolveu-se baseada na forma
de vida da comunidade primitiva cristã onde Cristo é a cabeça da Igreja, seus
apóstolos são seus discípulos, seguidores e ministros das benesses espirituais,
os diáconos são os auxiliares destes ministros e o laicato ou o povo em geral é
o destinatário destas benesses. No entanto, nunca devemos esquecer que tanto os
apóstolos e seus sucessores os ministros ou sacerdotes bem como os diáconos,
também, juntamente com o povo são os fruidores eternos das benesses e da graça
de Deus.
Temos inicialmente que entender que o sacerdócio na Igreja Siríaca
Ortodoxa de Antioquia inicia-se com o poder auferido por Nosso Senhor Jesus
Cristo aos seus apóstolos, e confirmado no pentecostes com a manifestação do
Espírito Santo cinqüenta dias após a sua ressurreição na casa de São Marcos o
Evangelista como consta nos Atos dos Apóstolos.
Cristo ordena que seus discípulos ensinem, batizem, curem, pratiquem o
milagre da Santa Eucaristia, encomendem almas, atem ou desatem na terra, pois,
tudo que fizerem sobre a terra estará bem feito no Céu.
Este poder único dos apóstolos foi passado para os primeiros padres da
Igreja Cristã e não foi distribuído indiscriminadamente mas de forma cuidadosa,
mantendo-se restrito e não vulgarizado pela Santa Igreja.
Pedro, o maior dos apóstolos, recebeu a incumbência única de liderar a
Igreja, tornando-se todo sacerdote a partir dele um verdadeiro representante de
Jesus Cristo dentro da Igreja.
Por que Cristo escolheu um líder para os apóstolos?
Simplesmente porque Nosso Senhor Jesus Cristo conhecedor da mesquinha
natureza humana, buscou edificar uma estrutura organizacional para a Igreja
ainda em vida, desta forma ensinou os apóstolos e com eles mantinha reuniões
longe do povo para instruí-los e orientá-los, preparando-os deliberadamente
para a administração do seu rebanho após a sua partida.
Cristo ainda em vida já possuía o grupo dos apóstolos maiores e os
menores, as mulheres pias, as crianças ou famílias do grupo social, e, em verdade
a Igreja Siríaca Ortodoxa procura preservar esta simplicidade organizacional na
sua estrutura administrativa.
Desta forma, o apostolado passou de Pedro para Evódio e deste para
Ignatius o Iluminado e assim sucessivamente de patriarca para patriarca e dos
patriarcas para os bispos e destes para os sacerdotes e diáconos.
O sacerdócio está concentrado nas mãos dos apóstolos e eles escolhem
seus sucessores designando-os explicitamente para cuidar dos seguidores da nova
seita. Apesar do nível de igualdade nos deveres sacerdotais, por razões de
funcionamento é preciso ter a estrutura enxuta e funcional.
O sacerdócio bem como o diaconato está dividido em cinco categorias na
Igreja Siriaca Ortodoxa de Antioquia. E normalmente o sacerdote deve ser monge
ou ter tido uma fase monacal ou ser seminarista. Modernamente unem-se as duas
coisas, ou seja o seminarista leva uma vida monacal para depois almejar o
sacerdócio.
Discorreremos inicialmente sobre o diaconato e em seguida sobre as
categorias sacerdotais:
A primeira coisa a ter em mente com relação ao diaconato é que assim
como o sacerdócio, o diaconato é uma instituição de ordenação sagrada pela
imposição das mãos de um Bispo ou Patriarca da Igreja, constituindo-se no
primeiro degrau da escala sacerdotal na Igreja Siriaca Ortodoxa de Antioquia.
As cinco categorias do diaconato distinguem-se pelo uso das faixas
(dalmáticas - HORURE), todos os diáconos usam uma túnica branca (alva) símbolo
de pureza, pois, nos rituais que participam representam os anjos do reino celestial,
uma vez que o altar da Igreja é o local sagrado onde se encontra presente o
Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, desta forma os diáconos
equivalem aos Anjos na Igreja Terrena glorificando o Deus Criador.
O diácono não é um ministro e sim um auxiliar do ministro na Igreja, sua
função é voluntária e não deve nunca receber paga pelo que faz. Não deve ser
confundido com o sacristão que é um funcionário pago da Igreja.
O diácono é chamado de Mxamxono em siríaco, e quer dizer "aquele
que serve". No linguajar popular chamam-no de Xamoxo e tem o mesmo
significado.
Numa escala ascendente, ou seja da menor ordenação para a maior os
diáconos podem ser:
1O - Mzamrone (cantores) - é o grau mais simples do diaconato. Só usam a
túnica branca e no início da Igreja eram os cantores do coral da Igreja.
20 - Koruie (leitores) - alem da alva usam a faixa em desenho de cruz na
frente e nas costas como asas de anjos e sua função está definida no próprio
nome, limitavam-se às leituras das cartas orientadoras dos apóstolos e do velho
testamento.
3o - Afediacone (guardiões) - é a categoria essencial do diaconato, tem
a função de guardiões da Igreja contra invasões, busca manter a ordem entre os
leigos, os neófitos, vestem-se com a alva e a dalmática iniciando-se por sobre
o ombro esquerdo dá a volta por trás e torna a lançá-la por sobre o ombro
esquerdo dando a conotação da espada do guardião. O afediacono tinha a
obrigação de auxiliar na mesa servindo os necessitados, órfãos, amparando
viúvas e doentes, participar ativamente das obras pias, etc.
4o - Euengueloie (evangelistas) - tem a função de ler o Evangelho,
explicando e ensinando o conteúdo do Livro Sacro. Sua obrigação básica é a
evangelização e o trabalho missionário. Deve o diácono evangelista, se
convocado, acompanhar o sacerdote quando este leva a comunhão a um doente ou
moribundo; sobre suas mãos o sacerdote pode depositar a comunhão, deve ser
cônscio das suas funções, humilde e atencioso, pois, quando o sacerdote levava
antigamente a comunhão ao doente ou moribundo, isto é, fora do recinto da
Igreja e no trajeto não podia falar com ninguém. O diácono desta categoria,
veste por sobre a alva a faixa caída por sobre o ombro esquerdo para frente e
para trás; a disposição da faixa dá a idéia de coluna.
5o - Arquidiacon (arquidiácono) - é o líder dos diáconos na Igreja,
merece respeito e normalmente deve ser uma pessoa profundamente culta,
ponderada, paciente e principalmente humilde. Ensina os diáconos mais novos,
divide e coordena distribuindo as funções ou atividades entre os diáconos.
Veste-se com a alva e usa todos os paramentos sacerdotais isto é a estola, o
cinturão e os manípulos, menos a grande capa sacerdotal (casulo), exclusiva do
sacerdócio, se fez voto de celibato e recebeu o pálio menor deve usá-lo.
A cerimônia de ordenação dos dois níveis mais altos do diaconato ou seja
para as categorias de evangelista e arquidiácono é a mesma dos sacerdotes, mas
os diáconos não têm o direito pleno do sacerdote para ministrar sacramentos. O
povo nunca deve pedir benção a um diácono, nem beijar-lhe a mão, mesmo por
respeito à sua idade avançada, pois, este não tem as mãos sagradas como os
sacerdotes, e, os diáconos nunca devem receber qualquer tipo de óbolo ou ajuda,
pois seu trabalho é puramente voluntário.
Os diáconos na Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia podem ser monges, ou
escolhidos entre os leigos celibatários ou não. As ordenações podem
eventualmente acumular numa única cerimônia a passagem por exemplo de um
diácono de um grau mais baixo para dois mais altos, mas obrigatoriamente o
prelado que o ordena faz na cerimônia a passagem obrigatória pelas categorias
envolvidas. Desta forma, às vezes assistimos a ordenação do leigo diretamente
para a categoria dos leitores por exemplo e não notamos que ele na realidade passou
na mesma cerimônia pela categoria dos cantores.
Nas ordenações, a partir do diácono evangelista, uma vez viúvo não
poderá casar uma segunda vez, e se isto ocorrer fica proibido de subir no
Altar; incluem-se neste caso os divorciados ou desquitados. As exceções só são
autorizadas pelo próprio Patriarca.
Dos sete varões citados no sexto capítulo dos Atos dos Apóstolos,
Estevão, Felipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau; Estevão
destacou-se nas suas pregações e trabalho comunitário, preso, julgado e
condenado pelos judeus morreu apedrejado, tornando-se o primeiro mártir do
Cristianismo. Estevão tornou-se desta forma o primeiro diácono mártir da Igreja
e é comemorado na Igreja Siríaca de Antioquia no dia oito de janeiro quando na
Santa Missa, o sacerdote celebrante, durante a leitura do Evangelho tira a sua
capa sacerdotal (casulo) e chama os diáconos um a um para ler cada qual um
trecho do Evangelho (Liturgia da Palavra), quando o diácono se perfila diante
do púlpito para ler, o sacerdote lança-lhe às costas sua capa indicando a
importância do diaconato na base do sacerdócio alertando o povo da importância
do trabalho do diácono na edificação da Igreja de Cristo.
Os diáconos passaram a cuidar dos fiéis e das obras caritativas até que
no primeiro século do Cristianismo, por volta de 80 a 100 depois de Cristo, o
Patriarca Santo Ignatius de Antioquia, o Iluminado, sucessor de São Pedro na
Cátedra de Antioquia teve uma visão do Trono de Deus onde viu os anjos
divididos em dois grupos à direita e a esquerda do Criador. Passou então a
dividir os diáconos em dois grupos no altar, pois em verdade, o altar, também,
é o Trono de Deus sobre o qual assentamos como já dissemos o Corpo e o Sangue
de Nosso Senhor Jesus Cristo e cremos portanto, que a Santíssima Trindade está
presente.
Os diáconos já participavam das missas como podemos observar nas
diversas liturgias já existentes. Portavam velas, utilizavam instrumentos
musicais, cantavam hinos de louvor além das atividades básicas já citadas.
Santo Afrem, o Siríaco, diácono e monge, organizou o canto na igreja
contribuindo muito para o enriquecimento dos cerimoniais. Em sua organização
determinou o canto alternado no altar durante as orações com dois grupos de
diáconos chamados de "gude" (grupos) e oficializou o diaconato para
as meninas e mulheres.
As mulheres, desde os primórdios do Cristianismo tiveram parte ativa na
organização da Igreja; bastaria citar os exemplos de Maria de Magdala
(Madalena), as irmãs de Lázaro, Maria e Marta, as mulheres da família de Pedro,
sua esposa e sua sogra, e acima de todas a Beatíssima e Sempieterna Virgem
Maria, a Santíssima Mãe de Deus.
Santo Afrem, estudioso, literato, professor na escola de Nsibin e reitor
da Universidade de Edessa, organizou os trabalhos das mulheres na igreja, como
diaconisas e legou-lhes o trabalho de cuidado dos paramentos do altar, da
participação nos cantos religiosos e nas atividades caritativo-sociais.
Segundo nosso atual Patriarca SS Mar Ignatius Zakai I quando da sua
visita ao Brasil em 1987, questionado sobre as vestes e direitos das diaconisas
na nossa Igreja, afirmou que em suas pesquisas e estudos históricos verificou
que a Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia nos primórdios do Cristianismo e
isto já por volta de 400 a 600 AD, vestiam as diaconisas longas túnicas
brancas, mais largas que as dos diáconos e usavam faixas ao estilo dos
"afediacone" ou seja equiparando-se a terceira categoria hierárquica
dos diáconos, e, eram constantes as referências a seus trabalhos nas Igrejas,
Mosteiros ou Conventos, escolas, etc ...
Há que se considerar que não devemos confundir as diaconisas que podem
ser leigas trabalhando na Igreja com as monjas ou freiras que já existiam na
Igreja como tal, e, deve-se lembrar que apesar da ordenação diaconal ou monacal
auferida às mulheres é vedada a sua entrada no altar, mas tem acesso ao local
destinado aos diáconos cantores (gude).
Modernamente os diáconos continuam usando seus paramentos, mas as
diaconisas no máximo tem usado capas ou túnicas nos cerimoniais. Em muitos
lugares do mundo a Igreja ainda se utiliza dos trabalhos do diaconato para
ajudar o sacerdote a pregar, ensinar, orientar os membros da comunidade.
Na Terra Santa e em Tur Abdin, até hoje os diáconos em algumas Igrejas
usam túnicas coloridas com o intuito de dar maior colorido e alegria nos
cerimoniais. Toda dalmática (Huroro) deve ter no lado interno um revestimento
de cor preta com cruzes para ser usado exclusivamente na Semana Santa e nas
exéquias patriarcais em sinal de luto. Convém lembrar que a Igreja não usa luto
para a partida de nenhum fiel desta vida terrena, exceção feita ao Patriarca.
O diácono incensador, ou que faz uso do turíbulo é comparado ao arcanjo
Gabriel na sua proximidade com Cristo, ou no caso do sacerdote que faz o papel
do Cristo partindo o pão e molhando-o no vinho para distribuir à congregação.
Este diácono perfila-se atrás do sacerdote, porta o turíbulo sempre na mão
direta e o vaso do incenso, chamado de "yauno" (pomba) na mão
esquerda à altura da cintura. O incensador deve incensar sempre com as correntes
do turíbulo totalmente esticadas e tremendo a mão direita fazendo
propositadamente um barulho de sinos com os doze guizos presos às quatro
correntes chamando a atenção dos fiéis presentes para as ocorrências santas ou
santificantes das missas e rituais.
O diácono portador do turíbulo apresenta em locais pré-determinados ao
sacerdote oficiante o incenso para depositá-lo no turíbulo e só ao sacerdote
compete lançar incenso no turíbulo.
Quando o diácono incensador passa entre o povo ou incensa o altar está na
realidade purificando o ambiente eliminando os pensamentos pecaminosos dos
fiéis ou de todos os presentes.
Durante a Santa Missa, o diácono incensador quando não está portando o
turíbulo deve ficar do lado esquerdo do celebrante ou o norte do Altar para servir
o sacerdote se necessário.
Falas e cantos especiais são destinados ao diácono incensador em todas
as cerimônias e sua presença é necessária em todos os cerimoniais da Igreja.
Segundo a tradição, mas não é obrigatório, quando um padre celebra a
Santa Missa o diácono incensador tem de ser no mínimo da categoria dos
leitores, quando um bispo celebra deve ser um afediacono e no caso do patriarca
deve ser no mínimo um evangelista. Na Terra Santa nas Igrejas do Santo
Sepulcro, Natividade e outras, quando o patriarca celebra a Santa Missa a
tradição manda que dois diáconos incensadores circulem entre o povo ou na
entrada triunfal dos patriarcas nas igrejas.
Dois diáconos devem segurar os castiçais móveis junto do altar durante
as missas e em todas as leituras de Evangelhos, indicam como anjos o Caminho da
Luz. As velas tanto dos diáconos como do altar devem ser de cera pura de
abelhas. Atrás ou ao lado destes diáconos perfilam-se os diáconos que portam os
símbalos surdos ou chocalhos que simbolizam os serafins e querubins voando em
torno do Trono de Deus, seus portadores fazem usos destes instrumentos durante
os momentos máximos da Santa Missa indicando a invocação pelo sacerdote do
Espírito Santo ou o momento do milagre da transformação do pão e do vinho no Corpo
e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Além destes instrumentos, isto é os guizos do turíbulo ou os símbalos
surdos, os diáconos e diaconisas podem fazer uso de outros como nas igrejas
antigamente, usando símbalos, flautas, cítaras, alaúdes, harpas e nos nossos
dias instrumentos mais modernos como o órgão ou teclado, violinos, violão ou
guitarras, etc. A Igreja sempre incentivou o uso dos instrumentos de forma
sacra, o desuso deveu-se às constantes perseguições e massacres que dizimaram o
povo no Oriente.
Duas palavra designam o sacerdote na nossa Igreja Siríaca Ortodoxa de
Antioquia:
CAXIXO: para padre significando ancião, e
COHNO: para padre no sentido de maduro, douto ou sábio.
Para entender corretamente o conceito destas duas palavras que definem a
base do sacerdócio na Igreja Siriaca Ortodoxa de Antioquia trazemos o canto
muito entoado nas Igrejas e que por si só é explicativo: Monarquia e Sacerdócio
são duas fontes, onde elas emanam ordens e leis. Monarquia: leis terrenas, e do
Sacerdócio: leis e ordens celestiais. A Monarquia tem poder sobre a terra, o
Sacerdócio sobre a terra e o céu. O diaconato como vimos é o primeiro grau do
sacerdócio, no entanto os monges e as freiras são uma categoria a parte podendo
ser ou não diáconos ou diaconisas.Dentre os diáconos e monges escolhem-se os
sacerdotes ou padres.Nada é mais importante na vida do sacerdote do que
conhecer Nosso Senhor Jesus Cristo e sua mensagem. Transmitir esta mensagem em
linguagem acessível a todos é fundamental, e é isto o que a verdadeira Igreja
busca. Não com sensacionalismo ou manchetes mas sim atingindo o coração do
pecador e do dúbio. É aprendendo no dia a dia das suas orações que o sacerdote
descobrirá a misericórdia e a justiça do Criador. No desapego das coisas
materiais, voltando-se às criancinhas, aprendendo e preservando a pureza destes
pequeninos; aproveitando o vigor dos jovens para incitá-los a pensar e
raciocinar de forma lógica, prudente e temente a Deus; no agrado aos mais
velhos dando-lhes a necessária coragem e esperança na vida futura, enfim
adaptar-se com candura à inteligência de cada um, ensinando e estabelecendo
sempre de acordo com o Evangelho, mostrando mais por seus atos do que por
palavras; que tenha a severidade do mestre e a ternura do pai, que nunca trate
com negligência a salvação das almas, que saiba sempre que foi escolhido para
servir e não para dominar ou ser servido e que consiga sempre ser amado e não
ser temido; este é o verdadeiro sacerdote exemplar que no íntimo da sua cela ou
do seu quarto ou mesmo no confessionário sempre se lembrará que nenhum poder
teria se não tivesse atendido ao chamado do Salvador, e que só será completa
sua oração se lembrar-se que ora por si e pela sua comunidade, pelos seus erros
e pecados e pelos da sua comunidade, firmando-se desta forma na sua fé com
dignidade e desapego ao meio material.
O sacerdote deve levar vida humilde, de sacrifício e de contínuo estudo,
orando pelos inimigos e consciente sempre que como Cristo, "Não veio para
fazer sua vontade mas a vontade d'Aquele que o enviou" (Jo. 6,38), só
então atingirá a perfeição no sacerdócio e verá a glória da perfeição do amor
total de Cristo pela humanidade.
É altamente significativo o canto final nas ordenações diaconais e
sacerdotais quando da entrega das faixas ou paramentos que traduzimos abaixo:
Canto do Prelado que preside a ordenação: Glória, ornamento e exaltação
Para a Santíssima Trindade igual em essência Paz e edificação para a Santa Igreja de Deus! Resposta do recém-ordenado: E que eu com o azeite glorificado na casa de Deus, Motive a paz e a edificação para a Santa Igreja de Deus! Há que se lembrar sempre tanto o sacerdote como o diácono que sua ordenação é para a glória e o ornamento da Casa de Deus, e, que como azeite puro deve indicar o Caminho da Verdade, da Luz e da Salvação.
Para a Santíssima Trindade igual em essência Paz e edificação para a Santa Igreja de Deus! Resposta do recém-ordenado: E que eu com o azeite glorificado na casa de Deus, Motive a paz e a edificação para a Santa Igreja de Deus! Há que se lembrar sempre tanto o sacerdote como o diácono que sua ordenação é para a glória e o ornamento da Casa de Deus, e, que como azeite puro deve indicar o Caminho da Verdade, da Luz e da Salvação.
1º - DAIROIO XARUOIO (frade) - trata-se da primeira ordenação que um
sacerdote pode receber a partir do diaconato, e restringe-se a fazer seu voto
sacerdotal de vida celibatária recebendo o pálio menor das mãos de um prelado
ou patriarca. Não ministra sacramentos e sua vida pode ser dirigida
exclusivamente para a vida monacal contemplativa, ou para o serviço social. O
pálio menor pode ser tanto dirigido aos homens como às mulheres.
2º - COHNO ou CAXIXO, (é a partir deste grau que começam as categorias e
ordenações sacerdotais) sacerdote ou padre pleno, tem sua ordenação presidida
por um patriarca, maferiono, arcebispo, bispo ou epíscopo e pela imposição das
mãos a exemplo dos apóstolos recebe a partir daí o direito de ministrar os
sacramentos à comunidade. Esta função como as demais que citaremos do
sacerdócio é exclusiva do sexo masculino.
A partir deste nível de ordenação sacerdotal exige-se o uso do solidéu (
do latim soli Deo que quer dizer sómente a Deus e para os siríacos chama-se firo
que em aramaico quer dizer fruto) durante o ministério dos sacramentos.
Especificamente o padre na sua paróquia deve trabalhar de comum acordo
com o Conselho Administrativo laico escolhido pelos fiéis e em caso de
impossibilidade ele mesmo pode nomear um conselho para auxiliá-lo na
administração laica. O sacerdote tem o dever e a obrigação de eliminar do corpo
administrativo do Conselho elementos de idoneidade dúbia.
O sacerdote preferivelmente não deve se envolver nas questões materiais,
mas tem obrigação de supervisioná-las e o seu acesso deve ser permanente, no
entanto, sua função maior é buscar ensinar, orientar e trazer para a vida
cristã o maior número de fiéis; deve ser estudioso, sábio, humilde, praticar
corretamente os rituais, respeitar os seus superiores espirituais hierárquicos
e observar rigorosamente as regras, cânones e tradições da Igreja.
Os padres na Igreja Siriaca Ortodoxa de Antioquia podem ser celibatos ou
casados e não podem ser portadores de nenhum defeito físico ou mental, devem
ter boa aparência, corretos na sua conduta e ilibada idoneidade moral.
No caso de celibatos, são escolhidos dentre os monges e diáconos e fazem
voto permanente de castidade. Mesmo como padres celibatos podem continuar nos
mosteiros, nas escolas, nas sedes diocesanas, patriarcal ou em suas cavernas.
Devido às constantes baixas sofridas pela Igreja, os padres celibatos foram
forçados a servir nas igrejas paroquiais anteriormente redutos exclusivos dos
padres casados.
Já os padres casados só podem receber a ordenação sacerdotal depois de
ter contraído o matrimônio, e, preferencialmente não ter filhos após a
ordenação. Na antigüidade os padres casados eram escolhidos entre os diáconos
mais velhos para servir as paróquias mas atualmente os seminaristas que optarem
pela vida conjugal podem contrair núpcias antes da ordenação e seguir uma vida
conjugal normal uma vez que ainda não receberam o pálio menor.
O padre celibato ou não, bem como o diácono e a diaconisa devem ser
ordenados especificamente para servir um altar, desta forma o prelado que
preside a ordenação declara para o altar de que igreja ou mosteiro foi
ordenado.
3º- CURA-EPISCOPO - Os padres casados podem ser elevados à condição de
cura-epíscopo e quando em estado de viuvez tanto o padre casado como o cura-epíscopo
podem ser ordenados epíscopos.
O cura-episcopo pode ser o líder de um grupo de padres casados num lugar
específico, tem cargo de liderança e respeito, usa a cruz peitoral, e sua
sobrepeliz, é revestida internamente da cor violeta.
O epíscopo tem os mesmos poderes de um bispo, paramenta-se como tal, no
entanto, o epíscopo não pode vir a ser patriarca mas tem voto no Santo Sínodo ,
sendo considerado no Santo Sínodo como o menor dos irmãos. São raros na Igreja
Siríaca os casos de ordenação desta categoria. Destacam-se nestes casos só os
que prestaram serviços relevantes à cultura ou à administração comunitária.
Os padres celibatos recebem o pálio menor na sua ordenação monacal,
símbolo de castidade e celibato. Em termos de poder, os padres celibatos ou não,
tem os mesmos direitos, no entanto só os padres celibatos podem ser ordenados
bispos, arcebispos, metropolitas, maferione (católicos) ou patriarcas.
Básicamente para o ministério dos sacramentos os sacerdotes celibatários
ou casados usam sempre sobre o hábito uma túnica branca e sobre ela a estola
presa à altura da cintura por um cinturão, cingindo-lhes as costas, os
manípulos ou punhos e o casulo, ou capa sacerdotal. Os celibatos usam o solidéu
por baixo do pálio menor e os casados usam só o solidéu.
4º - HASIO - Na Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia o bispo é chamado
de HASIO que quer dizer puro ou justo e desta palavra aramaica se originou o
termo "essênio".
Como vimos no capítulo anterior referente à jurisdição da Igreja, a
constituição canônica dá os mesmos direitos e significados para os termos
"bispo, arcebispo e metropolita", pois, em siríaco a única palavra
para tal desinência é HASIO. Desta forma restringiremos o uso à palavra bispo
para melhor explanação. Sua sobrepeliz deve ter nos internos a cor vermelha,
tem direito ao uso do báculo e da cruz manual e recebe o pálio maior (Masnafto)
diretamente do patriarca ou do maferiono.
O bispo pode e deve ordenar diáconos, diaconisas e monges, monjas,
frades e padres para a sua jurisdição com a devida anuência patriarcal e sobre
suas atribuições administrativas já discorremos anteriormente.
5º - O MAFERIONO que em siríaco quer dizer "frutífero" e que
na sua ordenação recebe o título de "católicos" isto é
"universal" é o equivalente (grosseiramente) a um vice-patriarca, tem
sob sua jurisdição diversas dioceses e arquidioceses. Mantém em sua jurisdição
um sínodo de jurisdição local e pode ordenar inclusive novos bispos. A Igreja
Siriaca Ortodoxa de Antioquia pela extensão territorial teve diversos "maferione"(plural
de maferiono) subsistindo este cargo até os nossos dias só na Índia. É bom
lembrar que hierarquicamente o "maferiono" nas suas atribuições
comparativamente é superior ao cargo cardinalício da Igreja Católica Romana.
O "maferianato' da Índia possui hoje algo como 1500 igrejas, 2000
sacerdotes, 3 universidades, diversos mosteiros, centenas de escolas
dominicais, entidades evangelizadoras, entidades pias e assistências de saúde.
Em caso de morte do "maferiono', compete ao Patriarca e ao Santo
Sínodo nomear o novo substituto de comum acordo com o clero e a comunidade
local.
6º - O PATRIARCA é o grau hierárquico mais alto da Igreja Siríaca
Ortodoxa de Antioquia e é o representante de Nosso Senhor Jesus Cristo na
Terra, é o sucessor direto de São Pedro o Apóstolo e é irmão e amado dos
apóstolos, deve ser obrigatoriamente celibatário e escolhido entre os bispos da
Igreja em Concílio Sinodal. Seus atos e decisões são inquestionáveis desde que
não firam os cânones da Igreja em questões de fé; tem direito ao título de
santidade mas não de infalibilidade. Deve ser puro, sábio, literato, deve
ensinar e cuidar da Igreja, é o guardião da fé verdadeira, preside o Santo
Sínodo.
Todos os fiéis devem chamá-lo de KUMRO que quer dizer ELEVADO.
Todos os fiéis devem respeito e submissão ao patriarca.
O atual patriarca da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia é SS Mar
Ignatius Zakai I, Iwas, o centésimo vigésimo segundo na sucessão petrina, tem
sua sede em Damasco na capital da Síria.
Quando um bispo, maferiono ou patriarca morrem, devem ser enterrados
sentados e totalmente paramentados portando o báculo na mão esquerda e a cruz
manual na mão direita e nas exéquias entoa-se o hino em que Deus chama Moisés
para morrer como seu pai Adão sozinho no monte Nebo de onde avistou a Terra
Prometida e este último pergunta ao Criador por que deve morrer sem parente ou
amigo para enterrá-lo ou pranteá-lo e Deus lembra-lhe que os Anjos cuidarão
dele... assim terminam suas vidas aqueles que atendem o chamamento do Senhor.
A maior e melhor recompensa de Deus é recebida pelos seus pastores no
Reino Celeste, como São Paulo ensina "eu pelejei uma boa peleja, acabei a
minha carreira, guardei a fé. Pelo que mais me está reservada a coroa da
justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia" (II Tim. 4: 7 e
8), e o próprio Cristo, Nosso Senhor, ensina: "Se alguém me serve,
siga-me: e onde eu estiver, estará ali também o que me serve. Se alguém me
servir meu Pai o honrará." (Jo. 12: 26).
Bibliografia:
"Sacrament of the holy Priesthood" - SS. Mar Ignatius Zakai I, Iwas, Revista Patriarcal 1997.
"Ktobo d'aslauotho d'cohne "- "O livro das Orações dos Sacerdotes", organizado e publicado por Mar Filoxinos Youhanon Dolabani, Matbahto dhekemtho, Mardin, Turquia, 1952
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